Ondas de verde em plena cidade
Os espaços verdes, em particular os parques e jardins, marcaram desde sempre a paisagem das cidades, disseminando-se na malha urbana como locais aprazíveis para o descanso e lazer, num reencontro com a natureza. Nos últimos anos os projectos e implementação dos parques urbanos têm-se difundido por todo o país. Aleatoriamente, escolhemos alguns dos muitos locais públicos onde pode usufruir do “verde” da maneira que bem entender.
Parque Urbano
O parque urbano é um equipamento social estruturante do tecido urbano, fundamental para a melhoria da qualidade de vida das populações e do ambiente das cidades.
Normalmente traduzem-se em extensões de dezenas de hectares de “verde” no coração da cidade, que garantem a continuidade dos ecossistemas naturais, a regularização microclimática, a purificação da atmosférica e a protecção e valorização da água e dos solos.
São lugares acessíveis e aprazíveis para o apoio a actividades de recreio e lazer, com uma estrutura funcional que dá liberdade de movimentação aos utentes por toda a área disponível, sem restrições aos arruamentos e às áreas pavimentadas.
No parque, à excepção dos caminhos, nenhum dos espaços fica cativo de uma utilização definida, o parque não se deixa perceber, ele não tem nenhuma finalidade expressa mas revela, no conjunto e em cada sítio, a ideia de um “espaço livre” (Pardal, 1997), que se presta a uma utilização menos condicionada, a comportamentos espontâneos e a uma estada descontraída por parte da população utente. (Lynch, 1990).
Parque da Cidade – Porto
foto: http://dias-com-arvores.blogspot.com
Os espaços verdes, em particular os parques e jardins, marcaram desde sempre a paisagem das cidades, disseminando-se na malha urbana como locais aprazíveis para o descanso e lazer, num reencontro com a natureza. Nos últimos anos os projectos e implementação dos parques urbanos têm-se difundido por todo o país. Aleatoriamente, escolhemos alguns dos muitos locais públicos onde pode usufruir do “verde” da maneira que bem entender.
Parque Urbano
O parque urbano é um equipamento social estruturante do tecido urbano, fundamental para a melhoria da qualidade de vida das populações e do ambiente das cidades.
Normalmente traduzem-se em extensões de dezenas de hectares de “verde” no coração da cidade, que garantem a continuidade dos ecossistemas naturais, a regularização microclimática, a purificação da atmosférica e a protecção e valorização da água e dos solos.
São lugares acessíveis e aprazíveis para o apoio a actividades de recreio e lazer, com uma estrutura funcional que dá liberdade de movimentação aos utentes por toda a área disponível, sem restrições aos arruamentos e às áreas pavimentadas.
No parque, à excepção dos caminhos, nenhum dos espaços fica cativo de uma utilização definida, o parque não se deixa perceber, ele não tem nenhuma finalidade expressa mas revela, no conjunto e em cada sítio, a ideia de um “espaço livre” (Pardal, 1997), que se presta a uma utilização menos condicionada, a comportamentos espontâneos e a uma estada descontraída por parte da população utente. (Lynch, 1990).
Parque da Cidade – Porto
foto: http://dias-com-arvores.blogspot.com
O Parque da Cidade é o maior parque urbano do país e uma das “100 obras mais notáveis construídas do século XX em Portugal” (Ordem dos Engenheiros, 2000). Localiza-se na zona ocidental da cidade do Porto, numa peculiar parcela de terreno, inserida numa paisagem composta por áreas ecológicas diferenciadas, que integram a praia, o tecido urbano, e algumas parcelas rurais. São 83 hectares de áreas verdes naturalizadas que se estendem até à orla marítima, um detalhe invulgar para um parque público ao nível mundial.
Beneficiando de óptima acessibilidade através de dois dos principais eixos da cidade, a avenida da Boavista e a Estrada da Circunvalação, bem como da praia e zona marginal, o parque é utilizado por um grande número de visitantes em todas as épocas do ano.
Projectado pelo arquitecto Sidónio Pardal, a construção do parque teve início em 1990, sendo inaugurada a primeira fase em 1993, a segunda em 1998 e a terceira, e última, em 2002, com a construção da frente marítima.
Na sua concepção paisagística foram utilizadas muitas das técnicas tradicionais da construção rural, onde a pedra proveniente de demolições predomina nos muros, estadias, charcos drenantes para a retenção de águas das chuvas, descarregadores de superfície dos lagos, tanques, abrigos, bordaduras de caminhos e pavimentos. Tudo o resto é um curioso exercício de modelação da paisagem onde um rico e diversificado conjunto vegetal desempenha vários papéis como o de barreira de isolamento acústico e visual nas bordaduras do parque, regulação do microclima na frente marítima, sombra, protecção e estabilização das margens dos lagos, criação de efeito surpresa ao longo dos caminhos, entre outros. São 74 espécies arbóreas, 42 espécies arbustivas, 15 espécies de árvores de fruto e 10 espécies aquáticas, num total de várias dezenas de milhares de exemplares. A modelação do espaço permitiu ainda melhorar todo o sistema de drenagem resultando numa maior infiltração da água no solo e na criação dos lagos.
Ao longo do Parque da Cidade é possível caminhar, correr ou pedalar por uma longa rede de caminhos (cerca de 10 km) intervalados por diversas estadias integradas na vegetação envolvente, as quais são locais isolados de contemplação ou de descanso em contacto directo com os relvados e áreas arborizadas. Vaguear pelo parque permite ainda observar vários animais que se fixaram de forma natural, como patos bravos, cisnes, gansos, galinhas de água, peixes, sapos, rãs, coelhos, repteis, etc., ou outros que o aproveitam como local de descanso durante o percurso migratório, entre os quais a garça.
No que respeita aos espaços com utilização pré-definida, destacam-se o Pavilhão da Água, que esteve em exposição na Expo`98; o Núcleo Rural de Aldoar (resultado do restauro e recuperação de quatro quintas rurais), onde existe um restaurante, um salão de chá com esplanada, um picadeiro de póneis e um centro de educação ambiental; e a Quinta 66, que possui várias lojas de comércio justo, artesanato e agricultura biológica.
Fazer um piquenique, jogar à bola, namorar ou tão simplesmente aproveitar o sol deitado na relva, são outras das “mil e uma” formas de aproveitar e desfrutar do Parque da Cidade.
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O parque introduz na cidade uma dimensão paisagística
Parque é a antítese de jardim. O jardim é um espaço doméstico, é um complemento da casa, que é um refúgio e um local onde nos protegemos de um exterior selvagem e hostil. Natureza ou “paisagem” são conceitos puros. Não estão relacionados com o mundo exterior, é um mundo imaginário, tal como o conceito kantiano das ideias puras que remete para o imaginário de um paraíso. Um parque tem como referência essa ideia de natureza acolhedora e paradisíaca, antagónica ao espaço selvagem. Mas também não é o espaço doméstico. O jardim está confinado à escala da casa, enquanto que o parque se pode extrapolar para o mundo. É criar dentro da cidade, uma paisagem que ela não tem. A cidade é um lugar com espaços extremamente funcionais, que servem para as necessidades quotidianas. Todo o espaço está organizado e codificado e, nesse sentido, a cidade é um local que resulta de uma arquitectura funcional. Tem uma imagem arquitectónica mas não tem uma paisagem. Este parque introduz na cidade uma dimensão paisagística, que até aqui não tinha.
O Parque não tem uma função própria
Um parque deve ser um espaço descodificado, ele não tem uma função própria. E um dos problemas dos parques é quando não se percebe essa dimensão. O importante é o seu despojamento, a entrega como espaço livre, sem nenhuma actividade que condicione as pessoas, a tal ponto que é normal ver uma pessoa deitada ao sol em fato de banho, a correr ou jogar à bola, a ler ou simplesmente passear com uma toilette de cerimónia.
Sidónio Pardal
textos via: http://www.planetazul.pt/